Vozes Dissonantes
“Dizem que somos ou nos tornamos um produto do mundo, daquilo que aprendemos e vivenciamos”
Vozes Dissonantes nos traz a reflexão e também a história da vida de Mina. Uma mulher livre que, em certo momento, se viu presa na gaiola de um relacionamento abusivo.
Mina se casou com quem pensou que seria um bom marido, mas viu seu mundo ser destruído pouco a pouco enquanto ele se tornava cada vez mais agressivo. Em certo momento, decidiu que se livraria de suas amarras e seguiria em diante, sem ele. Com uma oportunidade única de ir fazer a cobertura de uma reportagem que pode ser o pontapé inicial de sua carreira internacional, ela vê a chance perfeita de se libertar e recomeçar.
“Sob o medo, nos acovardamos, esquecemos do outro, a alteridade desaparece.”
Enquanto a narrativa segue o que se passa com Mina, vemos também uma outra história se desenrolando: a história de como a menina Nala conseguiu se livrar do sequestro que o grupo terrorista Boko realizou na escola de garotas em que ela estudava.
Reitero que essa é uma história para quem tem estômago, dura e real sobre guerras e sobre a força da mulher, mas também é uma crítica enorme à nossa sociedade e as ideologias arcaicas de como a mulher tem de ser sempre subserviente ao homem e se manter sempre presa a caixinha em que somos colocadas ao nascer.
Mina vai se ressignificar, conhecer de novo o que é realmente amor, mas, dessa vez, começar pelo amor-próprio em uma história com uma narrativa única que eu nunca tinha visto antes.
E quando Mina conhece Jorge, é lindo de ver a conexão linda que se forma entre os dois e o impacto que isso tem no final do processo de cura da nossa protagonista para que esse relacionamento se desenvolva no momento certo.
O livro é contato em uma narrativa única, sem o tradicional módulo capitular e extremamente fluída, você se perde no tempo enquanto está lendo. A escrita da Sandra é aquele tipo de escrita que mistura o cru da realidade com a intensidade da poesia.